sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Com a palavra, o coração


Hoje meu coração acordou querendo falar...




Devia ter me preparado pra isso e esperado uma atitude que eu tanto cobrei mesmo depois da gente se estranhar tanto? Mesmo depois de ter desistido centenas, e por que não milhares de vezes? Ah, é tão ruim esperar. Pior que isso é ter esperança. Continuar a esperar que a areia pare no ajuntamento das mãos sem que ela escorregue por entre os dedos. Tentativa inútil de poupar o coração para o desgosto. É torturar-se. Pois o coração é o que tem de mais orgulhoso em matéria de amor. Não se submete a qualquer vontade sua. Suas paixões são escolhas próprias. Sem dar direito a interferências. O coração não obedece a sociedade, tampouco quer entendê-la. Só quer pulsar seja pro primeiro que encontrar seja pelo mesmo até durar.

Todas as noites eu peço por paz. Por calma. Por paciência. A gente tem esse defeito, de pedir paciência em desesperos. De pedir por calma em prantos. Mas a gente pede porque se esgota tudo o que há por fazer. Não há caminhos. A estrada é solitária. E nosso único acompanhante é Deus. Não que isso não basta. Não que seja pouco. Eu quis dizer que é só.

Foi numa noite quente. As estrelas sorriam ironicamente do nosso encontro. O pessoal da rua por pouco não parou para nos assistir. A gente sintonizava os nossos rádios mais uma vez naquela velha estação onde todos saíram de férias, permanente. Não havia mais freqüência modulada. Eu queria conversar. Ele queria me tocar. Até que nos ajustamos como um aparelho de rádio que não se usa mais. “Ele e você também não se usam mais. Caíram da moda. Será que dá pra entender?” Não.

Ridículo. A gente se abraçou pela última vez. Cena que já aconteceu vinte vezes. Parecíamos só nós dois no mundo. Falamos bobagens originais como “eu sinto sua falta”, “te amo tanto que chega a doer”. Frases. Essas que saem e nos faz sentir poetas ou protagonistas de novela. Respirações ofegantes. Vestígios do vício de querer beijar. Antiga queda por seus abraços. Minha primitiva forma de amar.

Esse ano eu quero paz. A paz que eu desejei ano passado, no retrasado e no outro, no outro... O que importa é que continuo na esperança de que uma hora ela vem. Sem medir esforços. Sem cobrar impostos. Juntando os destroços e jogando-os pro ar. Esse ano eu quero que meu coração conheça novas aventuras. Que ele tenha novos desejos. Que ele bata por mais pessoas. Que se engane por alguém estranho. Que não morra por alguém que não  morreria por ele. Quero um coração esperto como o de um menino travesso. Desejo um coração maduro como de uma mulher que eu conheço. Anseio por um coração sábio como o da mulher que eu quero ser. Quero um coração que viva no coração de outra pessoa até ele não querer bater. Um coração que esqueça as dores do mundo. Que saiba escolher. 



quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Conformar-se


Eu sei que o que irei escrever hoje é o contrário do que sentirei amanhã. E que a pergunta não será respondida. E que os questionamentos jamais serão argumentados. Não há constâncias nas palavras. Só há frases mutiladas, perdidas, feitas pra fuzilar, doer. Por que somos assim? Já disse que não há resposta. Só há dúvidas e uma ponta de conformismo ao aceitar que somos o que a vida nos fez ser. Por que agimos assim? Ora, já falei que não há resposta. Talvez porque somos assim.

Eu sei que a minha dúvida de hoje será a minha pergunta de amanhã e a confusão que farei sempre. O que acontece com as pessoas? Qual é a delas em não querer se encaixar? Por que sempre quando um vem com a farinha o outro já fez o pão? Onde está a graça em apressar e contrariar tudo? A verdade é que o apressado além de comer cru, ainda come sozinho. Qual é a graça do sozinho?

Eu sei que eu quero hoje ainda vou querer amanhã e depois de amanhã. 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Julieta

Vim aqui contar um dedinho sobre meu fascínio por "Julieta", de Annie Fortier, presente de Ano Novo de uma querida amiga. A obra tem uma surpreendente levada que te prende. Faz-te querer ler a todo momento. Te volta a passados e se mistura de uma forma deliciosa com o presente. Misteriosa e ao mesmo tempo romântica, não seria de menos, é envolvida por um dos romances trágicos mais belos . Romeu e Julieta - Shakespeare Apaixonado.


"(...) Tia Rose sempre presumira que o mundo inteiro vivia num estado de loucura constantemente flutuante e que a neurosa não era uma doença, mas uma realidade da vida, como a acne. Uns têm mais, outros menos, porém só as pessoas verdadeiramente anormais não têm nem um pouco."


"(...) e fazer com que a vida não fosse um processo finito, mas uma passagem perpetuamente repetida por um buraquinho no tempo."

Alguns terão perdão, outros castigo;
De tudo isso há muito o que falar.
Mais triste história nunca aconteceu
Que esta, de Julieta e seu Romeu.

- Shakespeare