quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Desejo comedido

' Ignorar os fatos não muda a importância deles. (Shakespeare)


Vontades efêmeras. Na redundância, já tive diversas. Daquelas que repentinamente surgem, e do mesmo modo desaparecem. Algumas que incendiaram ainda mais o meu espírito instintivo e outras que, influenciadas pelas tais circunstâncias e clima, me desanimavam fácil. Já tive vontade de jogar tudo ‘pros ares’, de mandar gente pro espaço, e de chutar baldes. Como já me deu vontade de parar com tudo, seguir outro rumo, e fazer o que era feito antes. Vontades. Potencializar desejos. Pensar em satisfazer a carne. Surpreender a expectativa. Avançar na espera. Tomar iniciativas, ou simplesmente tê-las.

As vontades não nos dão direito de escolher, já repararam? O desejo quando aparece independe do que é certo ou errado, do que é sensato ou banal, do possível ou não. É louco. A meu ver parece normal, mas não é! Aquilo que te deixa cego, que te faz romper barreiras, que te faz perder o domínio, e que te enlouquece... Sei lá, pode até ser normal então, mas não parece. Seriam doiduras do inconsciente? Pode ser que as vontades efêmeras nem sempre sejam malucas e inconseqüentes, mas provocam alguns danos quando elas passam. Provocam, pois: quando queremos fazer alguma coisa e que logo passa é porque vimos alguma barreira, um cisco que seja, mas que nos atrapalha e impede de concretizar tal vontade. E daí a perda de equilíbrio em muitos casos.

Veja, não tenho a pretensão de fazer um artigo, expor uma conclusão, ou te fazer refletir sobre o que são vontades, seus efeitos e blá. Não! Mas acho legal me expressar daquilo que me impõe às vezes. Minhas vontades, e a não realização das mesmas. Nada de aprofundamento, só um entendimento... básico!

No ano que passou aprendi algumas coisas. Algumas que me fizeram estabelecer critérios em determinados assuntos e por limites em certos relacionamentos; outras coisas que não vão servir pra nada, talvez como meras experiências, vagas lembranças e só.
Uma das coisas que aprendi, e que cabe aqui, é que orgulho é diferente de arrogância, e ambos são diferentes do self-respect. O tal do amor-próprio. Vesti pra mim, e tentei vestir em outro, mas o tamanho da culpa as vezes excede o da carapuça. Mas nada que me tire a calma.
Aprendi que a capacidade de alguns em manobrar situações ou pessoas nem sempre é um dom adquirido por todos. E que eu, definitivamente, não sei fazer isso. Mas isso não é uma maneira de me depreciar, acredito que não.

Também aprendi que praticar “jugo desigual” é tão fácil quanto apontar alguém que o fez.

E finalmente encontrei em uma frase que Charles Chaplin eternizou, a maior lição do texto: “Não morre quem deixou de viver, mas quem deixou de amar”. Penso que quem deixou de amar deixou de ter vontades, de amar-se, de suprir suas urgências, de deixar o sentimento falar mais alto que o pensamento. Sentir vontade, saudade e não ter medo. Talvez as vontades efêmeras não valem a pena. Porventura ‘as coisas são mais preciosas porque não duram’. Os fatos que marcam são aqueles que já se foram. E o que já foi quiçá não volte mais.