sábado, 16 de janeiro de 2010

O céu do peixe

A vista do céu pelo rio São João do Marinheiro - 13/01/2010!

Mais uma vez, outro começo de ano.
Não enxergo assim como as pessoas que acham que os anos só façam uma pausa no fim de cada. Não consigo ver que o que muda são só os números de uma vida, ou para morte. Creio que, mesmo subjetivamente, tudo muda, ou tudo mudará. 365 dias são o suficiente para botar a casa em ordem novamente, praticar novos planos, alinhar novas ideias e viver outros momentos. De forma única e intensificada, por que não? Apesar de ser apaixonada por rotinas, e de não saber planejar, me pego muitas vezes participando do inesperado, do diferente e de surpresas que só a vida promove. E penso que tudo isso é bom.

Ontem, me recordei de como era pescar em família. Daquele tipo de pesca que só se faz no verão. Planejamos por algumas horas, e em minutos tudo estava pronto. Caixas de isopor, refrigerantes suados, e comidas engordativas. Muita comida. Roupas especiais do tipo shorts e calças velhas, chapéus, bonés e toalhas. E alguns equipamentos como varas, iscas e latinhas. Compramos as minhocas e alguns comes a mais na Venda. Saímos todos emocionados, embora uns tentavam esconder a emoção atrás do preço da gasolina.

Minha vó adora tudo isso. E isso tudo para ela tem nome: Aventura. Eeee, as vezes, dependendo do lugar, essas aventuras custam caro. Escolhemos a prainha, então. Além de ser perto é barato.
Quando chegamos pude ver o brilho e o sorriso nos olhos da minha vó. A emoção e o humor nas cantorias do vô. A alegria do meu pai em nos satisfazer. A satisfação da minha mãe em aconchegar o lugar. A paciência cínica do meu irmão ao esperar um belisco sequer do peixe. A comemoração exagerada da minha mãe sempre que fisgava um. O meu ar competitivo (se eu perder, eu apelo!). O silêncio mudo e prazeroso do Tunim. A agitação do Carlos. O profissionalismo do meu pai. E a fala engraçada e divertido do vô. Os sistemas límbicos de todos superativados.
A harmonia do lugar, da atividade e das pessoas. Uma breve amnésia de tudo.
Tudo em sintonia, uma super pescaria!

O céu azul, com algum tom de nuvem branca, que se misturava a sombra do rio.
A grama verde e macia. As águas em leves agitos tocando a terra. O balanço das árvores, o sopro do vento, e o sussurro das águas. Um cantar de passarinhos nativos. E o sol, que parecia nunca ter brilhado daquele jeito antes.

Quando tomados pelo cansaço da diversão do dia, começamos a nos organizar para voltar. Na minha competição do dia eu venci pelo esforço, meu irmão e mamãe pela quantidade, e o troféu paciência e felicidade do dia foram para o vô e a vó. Ao anoitecer, paguei pela minha teimosia; o protetor seria SIM um ótimo amigo. No final do dia, só o pó.
Lembrei-me de como essas coisas me modificam – no físico, espiritual e psicológico.
Já tive dias assim, com as mesmas pessoas e no mesmo lugar. O que muda são as datas, os pensamentos e o valor que se dá para isso. Quanto mais perto do começo do ano se dão esses acontecimentos, mais influenciam no ano e no jeito que vamos viver o mesmo. Querendo ou não, coisas boas ou não. Longe de ser superstição, mas acredito que começar o ano pensando que ele é realmente um começo, nos dá um ar de renovo, uma oportunidade a mais. Pense que os anos que se passaram ficaram, e que tudo o que acontecer agora, mesmo que seja parecido com o que foi vivido, é novo... e melhor! Até as rotinas tomam caras novas.

Nos nossos aniversários são sempre as mesmas pessoas, os mesmos presentes e o mesmo bolinho encomendado? Sim, pode ser. Porém a quantidade de bexigas diminui com o passar e as velinhas do bolo aumentam. E, pode crer, isso faz toda a diferença. Férias é a diferença. Reunião com amigos, família, e próximos. Sentir o vento, o barro, ou o sol... ou simplesmente se preparar para um novo começo de aulas, trabalho.. etc. Viver, faz toda uma diferença!

A vida é curta – diria a minha mãe – e não há pausas.
O término e o início de ano são só respirações necessárias, o que é vital.
Então, enjoy it!
Expire, inspire e encare! O ano só está começando.