quinta-feira, 15 de abril de 2010

Conflitando e aprendendo

"Se sofreu uma injustiça, console-se; a verdadeira infelicidade é cometê-la." (Demócrito)

Quem disse que contar alguns segundos resolve a situação, esfria os nervos, ou arrefece o estouro que está prestes a acontecer?
No meu boletim escolar carrego algumas discussões, que por alguma injustiça, não medi esforços para evitar. Lembro-me de uma situação engraçada/trágica que envolveu a psicodinâmica toda mais meus adoráveis amigos, pais, e professora. Aconteceu lá no fundamental, onde tudo é legal. Minha sala de aula era composta por um time de futebol amador. Sem reservas, sem bandeirinhas, sem treinador. Uma menina, e os patrocinadores (pais). Éramos a ameaça. Agitávamos o terrorismo nos menores, fazíamos as meninas pagarem lanche, e os professores chorarem. Num lindo dia percebemos que nossos aviões de papel não tinham turbinas, que o giz molhado não funcionava, e que tudo estava perdendo a graça. Foi aí que começamos a ofender a mãe, em total reciprocidade. Usávamos a profissão delas junto com a nossa personalidade e criávamos apelidinhos lindos/horrendos. Muito pestes, e sempre inquietos, inventamos um pra tia, a professora de ciências. Essa não gostou e nos dedurou para os patrocinadores, que nos colocaram de castigo, que resultou em NADA... Reuniões foram feitas. Até que um dia, dois comparsas mais eu fomos expulsos da sala e metidos a ficar no corredor para refletir, logo após uma intensa e quente briga com a tia. Nada que envolvesse os apelidinhos, mas por uma simples injustiça da parte dela, em não querer repetir a explicação. Afirmando que, “entendendo você ou não, essa sala é um desgosto”. Declarando altamente ser uma fã de Goethe: Prefiro uma justiça a uma desordem. Ela não soube como controlar, e se não sabe manipular, é melhor que nem ordenes! Então, partimos para a agressão- a verbal – onde tínhamos doutorado. Talvez você esteja escandalizado com tamanha atrocidade marginal da nossa/minha parte. Mas nós soubemos na infância a lutar contra as injustiças. A aquecer momentos críticos com tamanha lista de argumentos. Sem ter que disfarçar que estamos certos, ou confessar que não fizemos errado. Criamos, dentro de nós, um ninho de confiança e liberdade. Não nos tornamos corruptos ou assassinos, mas infiéis a lei do julgamento, da crítica cons(des)trutiva. Um problema? Talvez, mas não maior do que vivemos. O que faltou entender é o porquê da existência de pessoas que estabelecem suposições sendo que sequer fazem juízo. O tal do preconceito, do julgar, do arremessar pedras. Quem não ajuda que não atrapalhe! Quem não dá a mão para ajudar alguém a subir, que pelo menos não desça o pé! Entre outros jargões. Sempre me ensinaram a questionar pelos meus atos. A olhar as atitudes dos outros e entender- compreender-ajusta-las. Se não for pra apresentar mudanças, não haverá razão em xingar! Ora, não estou tencionando que sou uma injustiçada e que mereço mimos e piedade por isso. Só estou exteriorizando esse sentimento que há aqui dentro e que não há espaço para enraizar. A questão não é interpelar a injustiça, ou querer a extinção dela, mas saber como fazê-la ou interpretá-la. Porque cometê-la, não há ser humano que não o faça. Minha intenção nunca foi ser um problema social, embora minha mãe tenha me alertado a isso. Não saberia conduzir greves, estimular protestos ou começar um abaixo-assinado. Mas sei polemizar. E há tempos fazer isso não era necessário. Tudo é uma questão de escolha e conseqüência. Da ação e relação, do falar ou o olhar, do entender e aprender. Independente de motivações, critérios estabelecidos, justiça mal resolvida. De provas mal corrigidas ou de crianças mal educadas. É apenas uma luta interna... ou você estraga tudo, ou você se cala!

3 comentários:

  1. As vezes o silencio é o melhor caminho, pena que a maioria das vezes eu nunca sigo ele.

    Gostei do texto.

    =D

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  2. kkkkkk, protesto contra a Ana paula neh amiga?
    mais sinceramente nem sempre o não calar estraga tudo, as vezes é pelo calar que os problemas nao são resolvidos . Ameii o texto *-*

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