terça-feira, 11 de maio de 2010

Meia terça-feira

Adoro manhãs. Manhãs de sol escaldante ou de frio congelante. Manhãs com semi-roupas ou empacotada num moleton velho, de uma cor só, e embrulhada por dois edredons. Manhãs dormindo ou caminhando; sonhando ou trabalhando. Mas hoje é terça-feira, e acordei já era meia-manhã. O vento já havia dissipado as nuvens, e os passaros já estavam ensaiando o coro da manhã seguinte. Com os pés aquecidos pela pantufa, e o corpo frio mas protegido, fui até a cozinha... onde meu chá aguardava por mim. Me lembrei de uma entrevista de emprego que marquei na tarde passada pra hoje de manhã. Me limpei, me vesti, me perfumei e fui-me. Voltei pra casa achando que tudo "deu certo". Do jeito que pensei, ou mais. E continuo pensando assim!

Minha cama estava do jeito em que a deixei, e o livro na página certa. Comecei a ler de onde parei, e decidi lutar por ela ... Resolvi pensar em algo que silenciasse a dor dela, e que resolvesse sua saudade. Estava farta de achar que se estragou por quem não a merecia! De olhar aqueles olhos que sempre te faziam mal. Ele é um incauto. Não cuida! Se deixa... e por vezes te deixa. Ele sabe, folga, não leva a sério. Ela é inconsequente, não sabe e leva tudo ao pé da letra. Ele a quer por algumas horas. Ela o quer interminavelmente. A dor dele é um fragmento, a dela é generalizada. Ela sofre mais, tá na cara! Mas é ele que chora sempre. Que liga quase toda semana. Ela corre e ele a pega. Ele foge e ela o perde! Toda vez que ela o vê desgraça o seu lindo rebolado. Ele perde a vergonha ganhando seu espaço. O corpo dela fica inerte. Ela é sofrivelmente linda, e é isso que ele diz, mesmo não vocalizando nada. Se percebem num olhar. A respiração daquele ar louco e apaixonado embaçava o vidro do carro. Mas ela sabe que na manhã seguinte aquela noite expressiva ficará ardente em sua memória. E para ele não significará muita coisa, ou apenas nada.

Todos os dias ela acha que seus sentimentos relativo a ele são só provocações e impulsões. Os dele por ela são triviais e calados. Ela pensa que o coração dele é surdo, mas no final conclui que é somente mudo. Ele tem medo por ela ter tanta ousadia? Ou ele é covarde por ser tão insensível? Ela não sabe. Talvez se soubesse ela poderia apagá-lo do seu cerne. Nos recônditos ele abriga. Ainda. Que mal ela fez? Como eu gostaria de safar ela disso.

Ouvi minha mãe me chamar, e despertei -me desse cesto de dúvidas e incertezas. Quando já vi, passava-se do meio dia, e depois dessa hora proibi-me de pensar em qualquer coisa que não faça sentido. E quanto a ela? Ela é a questão, a pergunta e a resposta. É a intensidade, o desespero e a coragem. Ela é a dor, a briga, ou a palha. Ela sou eu, ou ele, ou nada. Contudo o que é importa é que Ela vive dentro de mim e dele, embora não saiba.

4 comentários:

  1. Como sempre, amei seu post.
    É tão bom acordar no dias frios, ainda com o pijama de dormir ir sentar no sol para se aquecer, ou acordar e ir caminhar na beira mar... coisas simples, porém tão boas.
    Acho que "ela" também vive dentro de mim, faz parte de mim.
    =D
    Beijos

    ResponderExcluir
  2. Capituzinha,,,cheia de conflitos....
    porem com uma inteligencia admiravel essa é vc !
    como sempre ameeei o post Nanda ♥

    ResponderExcluir
  3. Se perder em pensamentos torna a vida tão rápida. Vivo esses momentos constantementes, sem dúvidas misturo personagens dentro de mim, já não sei se sou eu ou se sou ele de tão profundo o meu pensamento. Assim como a pessoa do seu texto, a procura é infinita e confusa.

    ResponderExcluir
  4. te ti contigo !!! gostei do seu blog ... eu tb gosto das manhãs de tomar sol pra esquentar, andar de pantufas com aquele moleton batido de dormir !!! estou te seguindo ... se quiser me seguir tb, me visitar ... sei lá, tomar um café virtual, meu endereço é http://arathane.blogspot.com/ passa lá ... bjos

    ResponderExcluir